
categoria A (de altamente importante)
A propósito do lançamento de “Bossa Rural II” (ver box ao lado: traquejo) , quinto CD do nosso conterrâneo Clauduarte Sá, não pude me furtar de manifestar o orgulho que tenho dessa terra e dessa gente aguapretensse, da qual também faço parte. E, depois de ler os sempre elogiosos comentários dos colegas traquejantes Zarfeg e Begão a respeito do nosso cantador é que resolvi dar aqui o meu testemunho sobre um fato ocorrido quando das primeiras apresentações de Clauduarte em nossa cidade. Sendo assim, e parodiando Gonçalves Dias em “I-Juca Pirama”, é que digo, então: meninos, eu vi. Eu também vi Clauduarte Sá.
O ano, não me lembro muito bem, foi lá pelo início da década de 1980. Acho que faz muito tempo, afinal tanto o Clauduarte quanto eu, capilarmente falando, mudamos muito de lá pra cá. Ele, antes quase um Oswaldo Montenegro, de cabelos longos e barba idem, hoje está mais para Herbert Viana.
Já eu...bom, isso não importa. O que importa é que naquela noite de sábado (não sei ao certo), Omar Martins, então namorando minha tia que, anos depois, seria sua esposa, me pegou a tiracolo e me levou ao clube para assistirmos ao show de Clauduarte. Não sei se assim o fez pra fazer uma média com sua namorada ou pra me bem encaminhar musicalmente. Acho que foram as duas coisas.
Na época o clube de Itanhém era onde hoje funciona a sede do Rotary Club. A juventude itanheensse de então, tinha a estranha mania de ouvir MPB, música regional, enfim, essas coisas que estão a anos-luz de distância dos créus, suingueiras, pagodeiras e coisas do gênero que infernizam nossos tímpanos hoje em dia.
Lembro-me de que havia muita gente no local. A maioria se apertando, sentada no chão do clube pra assistir ao show. Não sei se por falta de cadeiras ou, quem sabe, por um resquiciozinho dos anos 1970 que há pouco findavam. Era um clima assim meio “somos jovens, sentados no chão, na maior paz e amor curtindo um som, sacou, bicho?”.
E nós também sentamos no chão. E eu achei aquilo um barato, sacou, bicho?
E o show começou. Clauduarte fazendo miséria com o violão, entoando suas melodias e, dentre elas, aquela de versos que nunca saíram da minha cabeça: “tenha ou não tenha fé, mas há espaço pra tudo na praça da Sé...”. Era a canção “Praça da Sé”, até hoje uma das mais marcantes da sua carreira. Do resto, da música e da apresentação, admito, não me lembro.
No mais, só me lembro que, nessa noite, ao meu lado, estava uma menina muito bonita, tão nova e inocente como eu. Estávamos próximos um do outro e passamos o tempo todo trocando olhares risonhos e acanhados. Poucos centímetros separavam nossas mãos, espalmadas no chão. E eu, em plena pré-adolescência, passei todo o show sem pensar em outra coisa: pegar na mão dela. E, claro, torcendo para que ela também quisesse pegar na minha mão.
E assim fiquei um bom tempo pensando, torcendo, duvidando...E se ela não gostar? E se falar pra alguém? Enquanto isso, no palco, Clauduarte balançava sua vasta cabeleira e mandava ver na viola. A galera aplaudia e também cantava junto, entusiasmadamente. Até que, num dado momento, as luzes se apagaram, a energia foi embora! Pensei: - É agora! É minha grande chance.
Mas o medo, a insegurança, o frio na barriga, enfim, tanta coisa pra um moleque de pouco mais de dez anos administrar, foram maiores do que os pouquíssimos minutos de breu e gritaria no clube.
A luz voltou, a galera se acalmou, Clauduarte voltou a cantar e eu, assustado, achando que estava todo mundo prestando atenção em mim, perdi a coragem de tocar a mão da garota. Envergonhado, inseguro, um verdadeiro tabaréu.
Mas, de novo continuei ali, por um bom tempo esperando tomar coragem. Esperando, esperando, esperando... mas que nada. O show chegou ao fim, ela foi embora e só me restou aguardar por outra chance; quem sabe em uma outra apresentação de Clauduarte, naquele clube? Sentados no chão, na maior paz e amor, com as mãos a centímetros de distância?
Quem sabe outra vez?
E, de preferência com falta de luz por bem mais tempo.
O ano, não me lembro muito bem, foi lá pelo início da década de 1980. Acho que faz muito tempo, afinal tanto o Clauduarte quanto eu, capilarmente falando, mudamos muito de lá pra cá. Ele, antes quase um Oswaldo Montenegro, de cabelos longos e barba idem, hoje está mais para Herbert Viana.
Já eu...bom, isso não importa. O que importa é que naquela noite de sábado (não sei ao certo), Omar Martins, então namorando minha tia que, anos depois, seria sua esposa, me pegou a tiracolo e me levou ao clube para assistirmos ao show de Clauduarte. Não sei se assim o fez pra fazer uma média com sua namorada ou pra me bem encaminhar musicalmente. Acho que foram as duas coisas.
Na época o clube de Itanhém era onde hoje funciona a sede do Rotary Club. A juventude itanheensse de então, tinha a estranha mania de ouvir MPB, música regional, enfim, essas coisas que estão a anos-luz de distância dos créus, suingueiras, pagodeiras e coisas do gênero que infernizam nossos tímpanos hoje em dia.
Lembro-me de que havia muita gente no local. A maioria se apertando, sentada no chão do clube pra assistir ao show. Não sei se por falta de cadeiras ou, quem sabe, por um resquiciozinho dos anos 1970 que há pouco findavam. Era um clima assim meio “somos jovens, sentados no chão, na maior paz e amor curtindo um som, sacou, bicho?”.
E nós também sentamos no chão. E eu achei aquilo um barato, sacou, bicho?
E o show começou. Clauduarte fazendo miséria com o violão, entoando suas melodias e, dentre elas, aquela de versos que nunca saíram da minha cabeça: “tenha ou não tenha fé, mas há espaço pra tudo na praça da Sé...”. Era a canção “Praça da Sé”, até hoje uma das mais marcantes da sua carreira. Do resto, da música e da apresentação, admito, não me lembro.
No mais, só me lembro que, nessa noite, ao meu lado, estava uma menina muito bonita, tão nova e inocente como eu. Estávamos próximos um do outro e passamos o tempo todo trocando olhares risonhos e acanhados. Poucos centímetros separavam nossas mãos, espalmadas no chão. E eu, em plena pré-adolescência, passei todo o show sem pensar em outra coisa: pegar na mão dela. E, claro, torcendo para que ela também quisesse pegar na minha mão.
E assim fiquei um bom tempo pensando, torcendo, duvidando...E se ela não gostar? E se falar pra alguém? Enquanto isso, no palco, Clauduarte balançava sua vasta cabeleira e mandava ver na viola. A galera aplaudia e também cantava junto, entusiasmadamente. Até que, num dado momento, as luzes se apagaram, a energia foi embora! Pensei: - É agora! É minha grande chance.
Mas o medo, a insegurança, o frio na barriga, enfim, tanta coisa pra um moleque de pouco mais de dez anos administrar, foram maiores do que os pouquíssimos minutos de breu e gritaria no clube.
A luz voltou, a galera se acalmou, Clauduarte voltou a cantar e eu, assustado, achando que estava todo mundo prestando atenção em mim, perdi a coragem de tocar a mão da garota. Envergonhado, inseguro, um verdadeiro tabaréu.
Mas, de novo continuei ali, por um bom tempo esperando tomar coragem. Esperando, esperando, esperando... mas que nada. O show chegou ao fim, ela foi embora e só me restou aguardar por outra chance; quem sabe em uma outra apresentação de Clauduarte, naquele clube? Sentados no chão, na maior paz e amor, com as mãos a centímetros de distância?
Quem sabe outra vez?
E, de preferência com falta de luz por bem mais tempo.
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