O bem Amado
Até bem pouco tempo atrás quando se falava em música brega ou cantor brega as primeira imagens e sons que vinham a nossa cabeça era do cantor Amado Batista entoando “no hospital, na sala de cirurgia...”. Ou então “feiticeeeira...”.
Virou clichê nos encontros de amigos, alguém que toca bem violão, depois de gastar todo seu extenso repertório “mpbístico” (a saber: Zé Ramalho, Djavan, Belchior, Fagner e Zé Ramalho de novo), fazer uma gracinha, entoando, só de sacanagem, algumas pérolas do Amadão, tipo “Princesa. A deusa da minha poesia...”, pra galera cair na risada.
Só que o tempo passou e, milhões de teclados eletrônicos depois, o que era brega antigamente já não é tão brega assim hoje. O goiano Amado Batista, que nas décadas de 70 e 80, ao lado de figuras como Fernando Mendes e Odair José, foi considerado o “terror das empregadas domésticas”, não merece ser chamado de brega se formos compará-lo com os reis da pisadinha, arrocha e outros estilos que nem nome tem de tão indigestos que são.
Perto do que se ouve hoje em dia, quando qualquer pessoa munido de um bom programa de computador e um teclado mais ou menos, grava seu primeiro cd e se se autodenomina CANTOR, chamar o “seresteiro da noite” de cantor brega é uma piada.
Qualquer pessoa de bom senso e ouvido apurado (será que existem pessoas assim, meu Deus?) saca que, preferências pessoais à parte, a soma da batida melosa e repetitiva dos teclados com vozes estridentes e letras (bem, as letras são um caso a parte) é o que de pior pode haver em termos de (aham!) música.
Tudo que Amado Batista não tem. O cara já subiu um degrau na escala HICHST (Homens que Inventam Canções Horríveis Sobre Traição) e não fica nada a dever a ícones da música sertaneja como Leonardo, Zezé de Camargo e Daniel.
A única coisa que falta para acabarmos de vez com esse preconceito com o pobre (no sentido figurado, claro) do Amado Batista seria ouvir uma de suas canções na voz de Caetano Veloso.
Mas aí também seria querer demais, né?
Ou não?
P.S.: Fernando Mendes (ou melhor, uma música de Fernando Mendes) o mano Caetano já cantou.
Um comentário:
bacanas seus textos! Até mais.
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